Só mesmo quem não viveu intensamente a década de 1980 para saber que a gente era feliz e não sabia. Se você não é dessa época, pergunte aos seus pais. É um turbilhão de lembranças, que gostaria de compartilhar: para quem gostava de dançar, tinha Shape, no subsolo do Hotel Fátima, Mister San, no segundo andar do prédio em frente.
E a Gams? Tinha também ‘Inferninho do São José; Discoteca Bate Coração nas barraquinhas de Nossa Senhora da Guia; Break Dance, no Afonso Pena; Alucinante, na Praça do Mercado, e Colcholar, no Bom Pastor. Quer mais: Salãozinho do Tietê, Ceas, no Niterói; e Shock, no alto da Goiás. O Edinho comandava muito desses espaços e a gente dançava uns passinhos sensacionais. E a Dance Girl? Uma das discotecas mais bem montadas de Minas. Funcionava na esquina Goiás com Bahia onde hoje tem uma mobiliadora. A gente comprava K7s, LPs e compactos na Caçula, Eletrodiscos e no Zuerão (grande Roberto Zuerão). E podia namorar em bares escuros. Você se lembra da sangria da Estalagem, na Rua Goiás, onde hoje fica a Mobiliadora Líder? E o 40 Graus, quase na esquina da Minas Gerais com Antônio Olímpio de Morais?! No mais, a gente se encontrava no W3, Vôo Livre e Degrau, isso na Savassinha. Lá também tinha o Tio Lé. Era aquela andação de um lado para o outro. Programão (que saudade). Fora da Savassinha, Bar dos Artistas, Vaca na Brasa, Bar do Beto Carlos, Bidu, Tom Marrom, Maurício, Kibe Lanches, Copo de Alumínio, Chez Salin e um bar que ficava aberto 24 horas na Goiás, quase esquina com Rio Grande do Sul.
Cinema? Eram quatro. Alhambra, Divinópolis (na Rua São Paulo), Cine Arte (onde hoje é hoje a Igreja Universal) e o Popular, que até hoje tem histórias incontáveis.
A RM Produções Independentes (Ricardo e Marcos), que funcionava em uma sala do Costa Rangel, chegou a rodar alguns filmes. Mas a história não terminou bem. A gente ouvia a Rádio Castelo Branco FM. O Gilberto Carlos apresentava ‘As 14 Mais’. Quem tinha um ‘3 em 1’ mais potente também conseguia ouvir a Rádio Cidade, de BH. E tinha a Mundial AM.
À noite, a gente ouvia o Alberto Brizola. Lembra disso? Naquela época já tinha encontros de dança aqui na cidade. Tinha o Leão XIII, Dom Bosco e o Frei Orlando. A Câmara Municipal funcionava em cima de onde hoje é a Reivax. Pelo ginásio Poliesportivo, passaram Gal Costa, Tim Maia, RPM (o primeiro show com raio laser em Divinópolis), Ritchie, Kiko Zambianque, Kleiton e Kledir, Lulu Santos, A Cor do Som, Roupa Nova (todo ano), Barão, Cazuza, 14 Bis, Titãs, Fagner, Paralamas e muito mais. O ginásio inteiro ficava com cheiro de loló. Era um grande show por mês, no mínimo. No campo do Ferroviário teve a Blitz, no auge do Grupo, mesmo local de um show histórico de Milton Nascimento. No campo do Flamengo, o Dominó fez um show quando o Geraldo Barros foi candidato a deputado estadual. Zé Ramalho fez o show de inauguração da Rodoviária. Eu assisti Sérgio Malandro no Rodeio. O palco era pequeno, naquela área hoje asfaltada. Teve um outro ano em que a grande atração do rodeio foi a Caravana do Clube do Bolinha e o Eles e Elas. Raul Seixas não veio a Divinópolis, mas fez um show em Nova Serrana. Mas tinha também os nossos grandes artistas: Pharmácia, Flamarion, Kapone, Peso Bruto, Nostradamus e outros. Tinha também a Banda Phendas. RG7 e Calistones sobreviveram em grande estilo.
Tinha o Nilo da Peroba e o Gilberto Garçom já era figura. Teve uma época em que levaram os frequentadores da Savassinha para a Rua Rio de Janeiro com Mato Grosso. Até que deu certo durante um tempo. A gente trabalhava duro para conseguir uma grana e comprar uma calça da Zoomp na Rua 5 e na 5ª Avenida. Ou mesmo na Modinha ou na Leque. Mas tinha também a rede de lojas do Oscar e seus irmãos: Santo Pecado, Meigron, Sapataria Avenida e Mustang. A Ponte do Niterói só tinha uma pista. O trânsito era controlado por um sinal de trânsito. As ruas Pernambuco, Getúlio Vargas, Primeiro de Junho, Goiás e Minas Gerais eram mão dupla. Tinha Carnaval de Rua, com direito a arquibancada e desfile da Santa Cruz (grande vencedora dos anos 80) e a Tupi ( do Nonô) na cola. E os Metralhas?! Até o José Alonso se aventurou no Carnaval da cidade com uma escola de samba do EOC. E as matinês de carnaval do Paroquial? A melhor coisa do mundo.
Divinópolis também tinha uma tal Festa do Cavalo.
Najá, Inter, o melhor futsal da região, o timaço do Guarani (com muita prata da casa), Ticrésio e jogos estudantis. Balaio de Gato e Funil, grupos de jovens em quase todas as paróquias, zona. A Cocota não saia do noticiário policial, que ainda tinha o Carmélio Matias no Polícia e Povo. Nessa época, o Anésio ainda tinha armazém, e não um bar. A agência de publicidade do Pedro. A agência de modelos do Iran Araújo. As fábricas da Coca Cola e da Kaiser. Cantina do Tio Paulo. INPS. A feira, hoje no Esplanada, era no quarteirão onde fica o Fórum e o ABC. E a gente era muito feliz. A seleção de 82, a melhor que vi jogar. Do que mais você se lembra? Vamos compartilhar essas boas lembranças. (contato@evandroaraujo.jor.br) E a Dorotéia? Ahhh, a Dorotéia!!!
Texto do Jornalista Evandro Araújo - Publicado no Gazeta do Oeste em 10/08/11
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